O GRANDE
Ele se alimentava de bondade, gostava de ajudar e ver os outros sorrir. Era o preferido daquela cidade, e com tanta bondade começou a se confundir.
-Será se as pessoas sentem a real intenção das minhas atitudes? Ou elas estão tão acostumadas a serem enganadas que julgam que eu quero algo em troca?
Abria mão de tudo que tinha, e ajudava a todos no que estivesse ao seu alcance. Mas o grande tinha um coração tão puro, que não enxergava o quanto estava rodeado de pessoas malvadas.
Muitas delas até de bobo o chamava, pelas costas é claro. Pois o grande era tão bom que ajudava-os mesmo eles sendo covardes, coitado. Tão puro, que quando recebia um obrigado de presente, guardava aquele momento nas suas memórias mais profundas. O mundo pra ele era recíproco, então ele achava que todos faziam o mesmo.
Até que chegou o dia que o grande tropeçou, desmaiou e quando acordou estava machucado e precisava chegar ao hospital do outro lado da rua. Olhou para cima e enxergava todos gigantes, os amigos do grande estavam em fila marchando rumo à avenida da futilidade.
Então o grande viu chegando aquele velho senhor garçom, que ele sempre dava gorjetas por achá-lo um senhor muito humilde. E gritou com todas as suas forças acenando pra cima:
-heeeeyy chefe, eu preciso atravessar! Mas ele mal enxergava o caminho, quanto menos o seu calcanhar.
O grande sentou fechou os olhos e resgatou suas memórias boas mais profundas, e de acordo que as pessoas iam passando ele criava e na sua imaginação, ele só enxergava pessoas boas.